terça-feira, 15 de maio de 2012

Segmentos sentem o peso da crise no turismo

>>> Com falta de investimentos e políticas para o setor, cadeia produtiva vê queda da atividade 

Apenas 30% dos bugueiros estão ocupados atualmente. Segundo Abrasel, restaurantes podem iniciar demissões. Foto: Fábio Cortez/DN/D.A Press.
O turismo está em crise no Rio Grande do Norte. É o que ouve de representantes de diversos segmentos que formam a cadeia produtiva do setor. O peso vem de uma conjuntura de fatores que vão da questão cambial à falta de investimentos e políticas públicos em prol do desenvolvimento da atividade. Os efeitos do pacote problemático aparecem na fala de bugueiros, artesãos, proprietários de bares, restaurantes e receptivos. O Diário de Natal ouviu alguns deles e constatou a insatisfação com o atual momento.

A percepção da queda no fluxo de visitantes vem aliada por uma preocupação quanto à infraestrutura e segurança da cidade, fatores que minam a disseminação na mídia indireta, aquela baseada no boca a boca e tida como principal promotora do destino potiguar. Norma Maria Luz, do departamento de marketing do Shopping do Artesanato Potiguar, relata um 2012 "terrível" em termos de movimento. "Os turistas ficam encantados com as belezas naturais e a receptividade do potiguar, mas reclamam dos pontos de apoio. Ficamos até constrangidos", diz.

Norma cita o exemplo do calçadão de Ponta Negra, ainda destruído pela ação do mar. Com 160 lojas em sua estrutura, o Shopping do Artesanato tem recebido um fluxo pequeno em comparação ao tempo em que recebia um maior número de turistas internacionais, visitantes com gasto médio maior. O diretor da Luck Receptivo, George Costa, analisa que além dos visitantes de outros países, Natal perdeu para o exterior o turista brasileiro da classe B, e hoje se limita muito a classe C, que naturalmente gasta menos.

Nos bares e restaurantes já se fala em reduções no quadro de pessoal. Quem conta é o presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel/RN), Max Fonseca. "Já ouvi algumas casas grandes falando em demissões", afirma. Não bastasse o impacto econômico do fluxo menor, Fonseca acrescenta que a falta de infraestrutura da cidade preocupa. "Os que vêm não repercutem ou repercutem negativamente", observa o presidente da Abrasel/RN.

Entre os bugueiros o impacto é mostrado pelos números. De acordo com o ex-presidente do Sindicato dos Bugueiros (Sindibuggy), Paulo Henrique Severo, a demanda diária nessa baixa estação tem ocupado 30% do total de profissionais. O percentual chegou a 70% em 2009, último ano considerado bom. Nos últimos três anos, Severo relata que a procura tem sido frustrante. "Tínhamos uma expectativa para essa última alta estação, mas ficamos frustrados. No mês de janeiro já não havia procura", conta.

De acordo com George Costa, da Luck Receptivo, as perdas aparecem também na redução das tarifas de receptivos e hotéis. "Foi uma adaptação que mercado privado teve que fazer", afirma.

Falta de comando gera conflitos

Há mais de um mês a Secretaria Estadual de Turismo (Setur) está sem comando. Desde a saída do hoteleiro Ramzi Elali, que mantinha boas relações no meio turístico, a pasta segue sem um comando efetivo. Para o diretor da Arituba e do hotel Best Western Premier Majestic, Abdon Gosson, quando se fala em nível de município a situação não é menos trágica com poucas ações direcionadas ao setor. "Enquanto os vizinhos estão organizados, estruturados e divulgando, estamos no caos total", constata.

Gosson ressalta que a iniciativa privada sozinha não é capaz de atrair os visitantes. O diretor da Arituba critica a falta do básico em estrutura. "Contei 12 postes da Via Costeira que foram derrubados e nunca foram recolocados", exemplifica. O diretor da Luck Receptivo, George Costa afirma que a falta de comando gera situações conflitantes entre os segmentos ligados ao turismo. "Tem de haver uma entidade pública que regularize a situação. Alguém tem de fazer esse papel. É o balizador", observa.

Para George Costa o governo tem dois papéis básicos no desenvolvimento turístico dos destinos. "Seriam criar facilidades para o desenvolvimento de produtos ou incentivar a criação desses produtos", avalia. Ele explica que a política pública vem no sentido de ajudar novos produtos a nascerem, e a promoção deles vem através da divulgação. 


Fonte: Diário de Natal

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