Alex RégisJoaquim Mendes Ferreira, coordenador do Laboratório Sismológico (LabSis) do Departamento de Geofísica.
O coordenador do Laboratório Sismológico (LabSis) do Departamento de Geofísica da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), sismólogo Joaquim Mendes Ferreira, disse que não é a primeira vez que ocorrem tremores como o que foi captado pela estação sismológica do município de Riachuelo, a 79 km da capital, que registrou um abalo sísmico de 5,3 graus na escala Richter, cujo epicentro foi a 1.115 km da costa potiguar.
"Não é a primeira vez que isso ocorre, já houve vários sismos este ano", afirmou o professor Joaquim Ferreira, o qual alerta que para ocorrer um tsunami, é necessário haver um terremoto com magnitude de 7,0 graus, e mesmo assim aliado a outras condições geológicas, como acontece na Oceania. Lá, as placas tectônicas "estão numa zona de sucção", ou seja, "uma placa está entrando abaixo da outra".
No caso do tremor de terra captado pela estação sismológica de Riachuelo, Ferreira explicou que a ocorrência de tremores abrange a cadeia (cordilheira ou dorsal) meso-oceânica, onde as placas se limitam, não ocorrendo o fenômeno de uma se sobrepor a outra: "Um tremor de terra em si não vai causar tsunami".
Segundo Ferreira, já foi registrado este ano um abalo de 5,8 graus, um pouco acima da magnitude 5.3 registrada às 14h50 de terça-feira. Ele disse que não tem como dizer se os índices vão se tornar mais elevados, mas garantiu que aumentou a frequência de ocorrência dos tremores - "houve pelo menos 30 este ano".
O epicentro do evento sismológico da tarde do dia 21 foi localizado a aproximadamente 190 km a leste do arquipélago de São Pedro e São Paulo, 742 km da ilha de Fernando de Noronha e 1115 km de Natal.
Ferreira informou que esse tremor ocorreu em águas da Zona Econômica Exclusiva brasileira, pois o epicentro está a menos de 370 km do arquipélago de São Pedro e São Paulo, considerado parte do estado de Pernambuco.
O professor Ferreira disse que sempre que alguém toma conhecimento da ocorrência de abalos, corre nas redes sociais da internet, boatos sobre tsunami. Ele fala até que em eventos anteriores, um grande portal chegou a noticiar que ocorreu um tsunami em Natal.
Ele admitiu que notícias como essa, sem fundamento, levaram até o coordenador estadual da Defesa Civil, coronel bombeiro Josenildo Acioli, a ter telefonado para o LabSis à procura informações, porque foi acionado por algumas pessoas.
Joaquim Ferreira informou que, atualmente, existem dez estações sismológicas no Rio Grande do Norte: "Onde houver um abalo, a gente coloca uma estação para estudar as causas do tremor".
Hoje, existem estações sismológicas em Riachuelo, Pedra Preta, Pedro Velho, Paraú e Pau dos Ferros, além de cinco instaladas na região do Mato Grande, entre os municípios de João Câmara e Poço Branco.
Ferreira explicou que a execução de ações para mitigar os efeitos de um abalo junto à população, não é função da Sismologia, que apenas faz um trabalho de investigação de causas e estuda as áreas mais susceptíveis a tremores. Esse é um trabalho feito pela Defesa Civil, ou mesmo pela engenharia, por exemplo, quando passa a construir prédios que podem resistir mais aos abalos. Ele disse que também não se pode antecipar onde e qual a intensidade de um abalo.
Fonte: Tribuna do Norte
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