RN: empresa desenvolve novas variedades de mamão

Sara Vasconcelos - repórter

Um dos principais produtos da pauta de exportações do Estado, o mamão, se diversifica com  a inovação no campo. Uma pesquisa desenvolvida pela Caliman Agrícola, cujos resultados serão apresentados hoje, vai trazer  oito variedades de semente híbrida de papaia formosa, além de uma nova forma de cultivo adaptada às peculiaridades da região Nordeste. Com a nova semente, a  empresa capixaba, instalada em Pureza, a 59Km de Natal, espera aumentar a produtividade da fruta e minimizar os custos de produção, com a importação de sementes para produtores. O experimento está na última fase do processo de autorização de registro junto Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), o valor de cultivo e uso (VCU). A previsão é que no espaço de seis meses o produto chegue ao mercado. Para o consumidor, os primeiros frutos gerados do experimento deverá estar disponível em um ano e meio.

DivulgaçãoMamão caliman: expectativa é de mais produtividade e menos custos

Atualmente, os produtores se valem da única variedade híbrida de semente para o plantio, o tainung, importado de Taiwan.  O quilo da semente é comercializado por cerca de US$ 3 mil a US$ 4 mil. Por ano, o Estado importa cerca de 3,5 milhões de dólares com o produto. O custo com  semente, explica o diretor e engenheiro agrícola da Caliman, Geraldo Ferguetti, poderá ser reduzido para 700 a 2 mil dólares, o quilo. A capacidade de produção inicial da nova semente híbrida chega até 25% da demanda do mercado potiguar.  De acordo com o comportamento do mercado ao longo dos anos, a expectativa é que atinja a cobertura total da demanda interna e chegue à pauta de exportação, diz Ferguetti.

 "Poderemos reduzir a dependência do mercado estrangeiro e também os riscos agronômicos de possível entrada de pragas e doenças exóticas, com o produto importado que chega ao país", analisa o diretor. Não há projeções sobre os impactos nos preços ao consumidor final, em relação ao produto na gôndola dos supermercados.  O mamão está entre os 20 principais produtos exportados pelo Rio Grande do Norte. No primeiro trimestre deste ano, de acordo com dados da Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, o Estado exportou US$ 1.193.419, em  mil toneladas de mamões (papaias) frescos. O volume sofreu um pequeno recuo, de 1,47%, se comparado com o mesmo período do ano passado, quando 1.045.649 quilos do produto deixaram o estado para países da Europa e Estados Unidos, movimentando US$ 1.211.199. As variedades híbridas são resultados de cruzamentos, por meio do pólen, de espécies de mamão papaia solo (pequeno) e formosa (grande), e uso de tecnologias do projeto de melhoramento da semente. 

O resultado é maior produtividade, grau de doçura e aparência. Segundo dados da pesquisa, a produtividade aumenta de 120 toneladas por hectare para até 130 toneladas/hectare, quando comparado o desempenho da semente nacional em relação à chinesa. O grau Prix, usado para medir o dulçor da fruta, é de 11% no mamão a partir da tainung 1 e de 12,6%, no da semente da Caliman. A aparência da fruta, com um verde mais claro e uniforme também é considerado como atrativo. 

A variedade híbrida produzida nos campos potiguares, analisa  Geraldo Ferguetti, produz plantas mais resistentes  ao clima semiárido, com temperaturas altas e períodos de estiagem. "Como suportam mais o calor isso reflete na qualidade do produto e produtividade. Porque, durante o período de floração, a perda de flores é menor, o que evita  a carpeloidia, que é a deformação do fruto", explica o engenheiro agrícola. Em dez anos, foram realizados 64 cruzamentos que resultaram em oito possibilidades, que poderão ser ainda mais reduzidas. "Estamos na fase de análise burocrática junto ao Ministério da Agricultura e também haverá a avaliação em campo, por parte dos agricultores", afirma. A distribuição aos agricultores será feita também por meio da Emater. 


Fonte: Tribuna do Norte