sábado, 26 de maio de 2012

Fapern amplia ações no Estado

Isaac Lira - repórter

A Fundação de Apoio à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Norte (Fapern) está lançando a versão impressa do Plano de Ação em Ciência, Tecnologia e Inovação do Rio Grande do Norte 2011-2020. Entre as principais ações previstas, está a criação de um instituto de pesquisa na área de Energias Renováveis, que é o carro-chefe da Fundação hoje. Além disso, o Plano contempla a criação de bolsas de pesquisa, inserção de pesquisadores nas empresas, incubação de novos empreendimentos, entre outros pontos. Segundo a presidente da Fapern, Maria Bernardete Cordeiro, a inserção de doutores nas empresas é fundamental. "O que nós notamos é que as universidades são as responsáveis pelo processo de inovação por aqui. Os doutores ainda estão na Academia. O que se pretende é que ocorra essa migração. Tanto que os mestrados profissionalizantes estão crescendo muito, não para formar professores, mas para formar profissionais com um nível diferenciado para trabalhar nas empresas. O Plano prevê várias ações para implementar isso", diz.
Adriano AbreuMaria Bernadete Cordeiro, presidente da Fapern: Estamos conversando sobre isso, mas é um convênio de R$ 20 milhões, onde a Capes entraria com R$ 15 milhões e a Fundação com o restante.Maria Bernadete Cordeiro, presidente da Fapern: Estamos conversando sobre isso, mas é um convênio de R$ 20 milhões, onde a Capes entraria com R$ 15 milhões e a Fundação com o restante.

TRIBUNA DO NORTE - O Plano já foi lançado?

Maria Bernardete Cordeiro - O Plano foi lançado eletronicamente, já tinha sido validado pelo Conselho Estadual de Ciência e Tecnologia, mas agora, com a versão material, estamos querendo fazer uma divulgação, até porque boa parte das ações já está sendo implementada.

Como os produtores de ciência participaram da produção desse plano?

MBC - Toda a comunidade participou. Esse plano foi embasado pela 1a. Conferência Estadual de Cultura, realizada em 2010. Lá foram geradas as ideias que estão nesse plano. Nós resgatamos a existência de um primeiro e segundo planos e fizemos esse terceiro, tomando como base as áreas estratégicas do Estado, que são praticamente as mesmas: mineração, turismo, agronegócio e a energia, uma novidade. Nós atualizamos recentemente a questão da energia. Pensava-se que a eólica seria o principal, mas a energia solar vem ganhando força. Já mudamos o rumo e o Instituto de Energia Eólica será Instituto de Energias Renováveis, com a inclusão da biomassa. Nós ampliamos determinadas linhas de ação para contemplar temas mais contemporâneos.

As ações, por se tratar de um planejamento de 10 anos, são todas a longo prazo. O que já foi iniciado?

MBC - Implantar o plano é o que estamos fazendo. A questão dos minters e dinters (que são mestrados e doutorados interinstitucionais) já foi iniciada. Há um doutorado nesses moldes em Mossoró envolvendo a Ufersa, a Uern e a UnP com a PUC do Paraná.

Como funciona isso?

MBC - O Governo Federal, através da Capes, dá um apoio pra você formar 16 doutores. Isso tem um custo e o Estado entra com uma contrapartida, porque a repercussão social, principalmente na rede acadêmica, é benéfica. A Fapern entra com contrapartida financeira em forma de bolsa para esses alunos, porque eles precisam se deslocar. Os professores vêm a Mossoró e os alunos vão até o gabinete dos professores no Paraná. Começou com a PUC do Paraná, mas pode ser qualquer instituição. E quando a instituição é pública, o custo é menor. Temos um mestrado e dois doutorados interinstitucionais.

E em relação às bolsas de pesquisa?

MBC - Estamos indo à Capes para viabilizar isso. Desde o ano passado, nós estamos conversando sobre isso, mas é um convênio de R$ 20 milhões, onde a Capes entraria com R$ 15 milhões e a Fundação com o restante. Um convênio dessa natureza exige uma série de reuniões e isso está tramitando. No que diz respeito às bolsas de iniciação científica, o edital já está pronto. Será lançado na semana que vem com 160 bolsas de iniciação científica júnior nas escolas de Ensino Médio públicas. A bolsa é de R$ 100.

As escolas de Ensino Médio estão preparadas?

MBC - Estão. Recentemente, a Ufersa teve um grupo premiado. Eles têm um grupo. A UFRN tem alguns grupos, como na Escola de Enfermagem, na Escola Agrícola de Jundiaí e na Escola de Música. Há um programa de bolsas lá. Nesse sentido, a Fundação também vai fazer, no Congresso de Ciência e Tecnologia, a ser realizado nos dias 30 e 31 de outubro, um encontro com todos os bolsistas, das mais variadas instituições. 

Qual a importância de inserir o pesquisador no ambiente das empresas?

MBC - O que nós notamos é que as universidades são as responsáveis pelo processo de inovação por aqui. Os doutores ainda estão na Academia. O que se pretende é que ocorra essa migração. Tanto que os mestrados profissionalizantes estão crescendo muito, não para formar professores, mas para formar profissionais com um nível diferenciado para trabalhar nas empresas. O Plano prevê várias ações para implementar isso.

Há outros destaques?

MBC - Sim, o Instituto de Energias Renováveis. A planta já está sendo elaborada. É um processo totalmente sustentável, de acordo com as normas da Eletrobrás pra construção civil. Será uma área de nove hectares, próxima ao Instituto de Neurociências, em Macaíba. Distante cerca de 1,5 km antes do Instituto.

Já está definido quanto custa o prédio? E como será o financiamento?

MBC - Isso será finalizado em julho. Nós inserimos mais um módulo no prédio para contemplar a parte de energia solar, ele terá também salas de aula, auditórios, etc. 

E os custos?

MBC - Estamos providenciando. Primeiro, iremos finalizar o portfólio que inclui a proposta, uma carta da governadora e da Fapern. Ele servirá para captar recursos junto às empresas fabricantes que atuam na área. As empresas que fabricam aerogeradores, por exemplo. Então, tentaremos recursos para uma parceria público-privada. Localmente, já tivemos uma conversa com o Idema para garantir R$ 2,5 milhões de investimento público. Devemos agendar uma reunião com a Petrobras também. É preciso ver isso como um processo de parceria. O CTGás estará no projeto. A UFRN também. Estamos definindo a questão dos espaços, dos equipamentos, etc.

Quantos pesquisadores estão envolvidos?

MBC - Temos 18 até o momento, entre colaboradores de todas as instituições. E novas adesões virão. Estão incluídas a parte de eólicas e solar. Não estão ainda os pesquisadores na área de biomassa.

A senhora acha que as empresas vão manifestar esse interesse?

MBC - Sim. Quando finalizarmos o portfólio, vamos cair em campo para captar o recurso. É um segmento interessado em sustentabilidade e energia. Além disso, eles primam ter nas proximidades dos empreendimentos tecnologias que possam ser utilizadas. Esse projeto não será também direcionado apenas para os grandes empresários. Haverá a questão da microgeração, como utilizar isso em fazendas, residências, condomínios fechados, etc. São três eixos principais: geração, armazenamento e transmissão dessa energia.

É o carro-chefe da Fapern hoje?

MBC - Do ponto de vista de uma obra estruturante sim. Nós apoiamos outros centros tecnológicos. Tem o CT Têxtil em Caicó e o Centro Mineral, em Currais Novos, por exemplo.

Há um tempo havia um problema de recursos da Fapern para pagar editais. Isso foi solucionado?

MBC - Está sendo solucionado. Temos em dia os nossos editais, mas há alguns débitos antigos que são pesados. Estamos fazendo um esforço pra equacionar isso até agosto.

Como está a lei estadual de inovação?

MBC - A lei de inovação está na Assembléia, na Comissão de Ciência e Tecnologia, que é presidida pelo deputado Agnelo Alves. A Comissão Estadual de Ciência e Tecnologia irá fazer uma provocação para dar seguimento a isso. A lei está desde fevereiro lá, depois de passar um ano na Controladoria do Estado. 


Fonte: Tribuna do Norte

0 comentários:

Postar um comentário