terça-feira, 15 de maio de 2012

Janduís


Da terra dos índios Janduís aos caminhos de São Bento do Bofete. ]

Textos: Alex Gurgel - jornalista
Fotos: AG Sued


Para aqueles aventureiros que querem fugir do litoral, a dica é se embrenhar no sertão potiguar, pela estrada em direção à Serra do Lima e perceber a brisa catingueira com todos os aromas da terra dos índios janduís, da nação Tarairiú, extintos depois de vários combates em defesa do seu habitat.


Janduís é uma cidadezinha tranquila, típica do interior do Estado, situada na ribeira do Riacho dos Sacos. É verdade que o município não possui grandes monumentos ou lugares famosos para o turista visitar. Porém, o incentivo às manifestações culturais deu ao seu povo um talento inato para as artes, como se a identidade dos janduienses estivesse sempre ligada as suas tradições sertanejas.


Um dos grandes alumbramentos culturais da cidade fica por conta da Companhia Cultural Ciranduís e seu teatro mágico pelas ruas do município. Desde cedo, o pequeno jaduiense aprende que durante a colonização do sertão, existia na região uma confederação de tribos indígenas, hostis à Coroa portuguesa.
Entre as nações indígenas, uma das mais destemidas era a dos Janduís, cuja denominação deriva do tupi “nhandu-í-a”, uma corruptela para “a ema pequena”. A ema seria o totem da tribo. Depois que os índios foram dizimados, surgiu o Sítio São Bento.


Origens indígenas


Conforme o historiador Luiz da Câmara Cascudo, a localidade ficou por muito tempo conhecida como São Bento do Bofete. O nome do lugar deve-se ao fato de que, as feiras ali realizadas, sempre terminavam em tumultos, havendo uma farta distribuição de tabefes, pontapés e bofetões.


A fundação da povoação é atribuída a Canuto Gurgel do Amaral, dono da maior parte das terras, que fez doação de um terreno foreiro para o padroeiro, tentando desenvolver a comunidade.


Nos idos de 1938, a localidade passou a ser distrito de Caraúbas com o nome de Getúlio Vargas, mudando em 1943 para Janduís, em homenagem aos índios pioneiros da região.


Lendas do sertão


Numa terra seca, castigada por longas estiagens, distante 286 quilômetros de Natal, o município de Janduís está localizado na região do Médio-Oeste potiguar, sertão do Rio Grande do Norte, às margens do pequeno rio “Adquinhon” ou “Rio das Croas”.


Por que é necessário redescobrir a história, recentemente, um grupo de estudantes encontrou inscrições rupestres na localidade conhecida como “Pedra da Biluqueza”, um forte atrativo para a exploração de um turismo de conhecimento e ecológico.


Do imaginário popular nascem as lendas que os poetas se encarregam de passar adiante oralmente, como o caso da “Serrote da Negra”, no caminho da cacimba que abastecia a cidade; que conta a história de uma antiga escrava que morava numa Casa de Pedras e se transformou em serpente.


A noite em Janduís fica mais curta. Janelas e portas das casas mais humildes se fecham mais cedo para ouvir as histórias de Lázaro de Liuliu, um artista dedicado a fervilhar a cultura janduiense n’alma dos ouvintes, no recanto chamado “Canteiro das Artes”, lugar dedicado ao resgate de antigas brincadeiras infantis.


Em outubro, Janduís se adorna para celebrar sua padroeira, Santa Terezinha, quando a solidão das ruas e o ermo dos becos são quebrados pelas ladainhas dos devotos que acompanham o andor, arrastando a Santa até o altar.


Da Casa Grande da Fazenda São Bento, é possível ouvir o badalar do sino da matriz, avançando sobre os telhados da cidade e anunciando um sertão recheado de lembranças.

Fonte: potiguar noticias

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