sexta-feira, 27 de abril de 2012

Tempo de promessas


Candidatos a prefeito de Natal nas eleições de 7 de outubro vão ter de conviver com uma situação bem diferente de todos os outros candidatos em eleições passadas: é a capacidade de interação com o eleitor, munido de ferramentas capazes de garantir um verdadeiro debate.
Se os meios de comunicação de massa (especialmente o jornal) fizerem a sua parte e o cidadão comum questionar as “propostas” que lhe são apresentadas, poderemos evitar que a campanha eleitoral seja um exercício de criatividade e retórica que trata de assuntos a serem sepultados no dia seguinte ao pleito, como ocorreu na última eleição, quando ninguém lembrou-se de perguntar de onde vinha o dinheiro para pagar tanta proposta.
Quem se der ao trabalho de comparar o discurso do candidato e do eleito, encontrará enorme diferença. Os candidatos em geral têm, na ponta da língua, solução para todos os problemas, e ninguém se preocupa em saber de onde virá o dinheiro para a execução dos planos mirabolantes apresentados.
Fora do horário de propaganda gratuito, o discurso do candidato (e neste caso é possível generalizar) vem sendo o desperdício dos verbos construir, fazer, realizar, gastar. O efeito de computação gráfica permite a criação de uma cidade ideal com ruas sendo abertas, viadutos edificados, escolas construídas e hospitais aparelhados. Mas não existe a preocupação de indagar quanto custará cada um desses projetos e de onde virá o dinheiro para fazer tudo isso.
Uma raridade é algum candidato falar do mundo real; do pagamento dos salários do funcionalismo; da coleta de lixo; do funcionamento dos postos de saúde; da garantia de cumprimento do ano letivo na escola pública. Há pouco mais de três anos, esta Roda Viva saudou a prefeita eleita Micarla de Souza desejando que ela conseguisse – no mandato que iria iniciar – manter a cidade limpa; as ruas sem buracos; os postos de saúde com remédios e médicos e as escolas com aula. O artigo foi interpretado como uma agressão. Afinal, se estava negando a possibilidade da nova equipe administrativa realizar um conjunto de grandes obras que mudariam Natal.
Se tivesse feito um feijão-com-arroz bem feito, certamente a avaliação do governo municipal hoje  seria outra, muito melhor que os altíssimos índices de reprovação anunciados em cada pesquisa.
Na cobertura da campanha municipal esperamos colocar uma questão sempre esquecida, mas fundamental para a gestão do município: os gatos de custeio antes dos recursos para investimento. E, nesse item é importante conhecer a política de aluguel de prédios para o Poder Público, sobretudo pelo descompasso na opção de um município pobre alugar sedes suntuosas para suas repartições e deixar ao abandono os próprios do município, como aconteceu com a Secretaria de Meio Ambiente e Urbanismo, que deixou a sede própria abandonada e comprometeu R$ 63 mil mensais para pagar um prédio alugado.
Saber dos candidatos a prefeito se eles vão manter esses aluguéis milionários já pode ser um bom princípio para saber da viabilidade da preocupação deles com o mundo real que vão encontrar. Afinal de contas, quem, de bom senso abandonaria uma casa própria para morar numa alugada?
Fonte: Novo Jornal

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