domingo, 6 de maio de 2012

Planos de saúde não atendem demanda em Natal


Com hospitais particulares cada vez mais cheios, o setor privado de saúde está sendo vítima de seu próprio sucesso. Basta percorrer os maiores hospitais privados da capital para se observar uma cena corriqueira: urgências, emergências e pronto-socorros superlotados.
 
Clientes com planos de saúde aguardam horas para ser atendidos, passam por triagens e aguardam consultas especializadas ou por cirurgias da mesma forma que qualquer usuário da rede pública, no também superlotado Sistema Único de Saúde (SUS). A crise da saúde pública verificada nas últimas semanas não difere muito da realidade da saúde privada, sustentada pelos usuários dos planos de saúde e particulares.

O cenário nos hospitais privados começa a lembrar o dos estabelecimentos públicos, e se mostra problemático por causa da influência do número avassalador de novos clientes de convênios particulares que, nos últimos anos, se beneficiam do crescimento econômico dos brasileiros e da ascensão das classes menos favorecidas. Atualmente o Rio Grande do Norte tem 516.650 beneficiários de planos de saúde, conforme dados mais recentes da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).
 
Há dez anos, o Estado tinha 280.856 usuários de planos. Um crescimento de aproximadamente 80%, com o agravante de que é praticamente a mesma quantidade de hospitais que prestam atendimento através dos convênios. Ou seja, a rede de assistência avança bem mais lentamente do que as adesões aos planos de saúde.

Essa semana o Diário de Natal percorreu quatro dos maiores hospitais particulares de Natal. E escolheu uma data estratégica, a segunda-feira dia 30, véspera de feriado do Dia do Trabalhador, 1º de maio. "Normalmente a segunda-feira é lotada porque o pessoal não procura muito o hospital no final de semana. E como amanhã [terça] é feriado, está bem cheio. Sábado também foi um dia atípico, muito cheio mesmo", relata a gerente de clientes externos do Hospital do Coração, Luzineide Bandeira de Melo. No Hospital do Coração, o primeiro visitado pela equipe de reportagem, havia cerca de 25 pessoas aguardando na recepção do Pronto-Socorro.

A média gira em torno de 150 a 200 pessoas por dia, para uma estrutura de plantonistas composta por dois clínicos gerais, um ortopedista e um cardiologista. A unidade tem seis leitos de prontoatendimento, além de poltronas disponibilizadas para aqueles pacientes menos graves e leves, com poucas afecções. "Ultimamente temos recebido um número muito elevado de pacientes. Conseguimos atender à demanda graças aos nossos funcionários. Temos um totem que emite fichas e está funcionando bem. Há algumas reclamações especialmente quando chega alguma urgência, mas na medida do possível conseguimos contorná-las", afirmou Luzineide, lembrando que os casos de dengue e de viroses têm aumentado desde o último mês. Poucos pacientes procuram o Hospital do Coração em busca de atendimento pago em dinheiro vivo. Recebendo pacientes acima de 14 anos de idade, a maior parte tem planos de saúde.

Segunda-feira é o dia de maior movimento no hospital. O funcionário público municipal Gláucio Medeiros levou a mulher, Joana Angélica Fagundes, para ser atendida no Hospital do Coração. Com sintomas de catapora, ela aguardava há pouco mais de meia hora antes de ser atendida quando conversou com o DN, mas o casal reclamou da demora no setor privado de saúde. "Da outra vez que viemos à noite estava ainda mais cheio. Aguardamos uma hora e meia para sermos atendidos. Hoje até que está tranquilo. Com os preços dos planos de saúde mais acessíveis para a maior parte das pessoas, está acontecendo essa superlotação nos hospitais particulares. Quem tinha planos de saúde antigamente rapidamente era atendido. Hoje não", relatou Gláucio.

Jadson de Farias, enfermeiro do pronto-socorro do Hospital do Coração e que também trabalha no Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu Natal), salientou outro fator que ajuda na superlotação dos hospitais. "A população tem envelhecido, e consequentemente os problemas de saúde também aumentam. Os hospitais deNatal estão se tornando pequenos. Isso demanda muitos leitos de enfermaria, leitos de apartamento, leitos de UTI. A situação é essa", reconhece ele. "A média de espera depende do dia, mas normalmente o hospital está bem movimentado, principalmente nos finais de semana e nos feriados".

Fonte: DN Online

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